Crônica
No armazém do meu pai
No armazém do
meu pai tinha de tudo: alparcatas, arroz, feijão, perfumes e embutidos. Tinha
presentes para namorados: perfumes, alianças, cremes e bibelôs. Para as
costureiras: linhas coloridas, fitas, rendas, sinhaninhas, bordados e botões coloridos. Para as donas de casa:
havia panelas e tigelas de todos os tamanhos, travessas e copos coloridos.
Lembro-me com
saudades, são dos causos dos fregueses, era mula sem cabeça, saci Pererê, corpo
seco que vivia nas matas fechadas. Dos causos de pescarias, eram os mais
empolgantes, até procurar o anzol com a lamparina debaixo d’água, histórias
para todos os gostos.
Dos canais de
TV, até o canal zero era comentado, valha meu Deus! Esse canal nunca existiu!
Dos filhos que referiam, todos eram bem sucedidos, tinha Doutores em tudo,
medicina, advocacia e engenharia; até o professor, era lembrado como doutor!
Nesse momento me deu uma tristeza profunda! Professor!—Que saudades dessa
época!
Foi então que
me dei conta, do quanto essa profissão,
tinha valorização!
Voltei um
pouco no tempo, recordar da minha escola, saudades dos meus mestres, que não
pouparam esforços, para ensinar aos alunos, que
se transformaram nos doutores dessa fala.
Nesse armazém
vendia de tudo, menos amizade, amor e paixão, pois isso não se compra ou vende,
mas se ganha com o coração!
O mundo se
transformou! Desses armazéns, nada sobrou! Hoje os supermercados,
hipermercados, shopping center e magazines,
invadiram as cidades.
Na correria do
dia a dia, conversas não existem mais, só sobraram os celulares,
TVs a cabo, netflix e notebooks.
É triste ver
as famílias se desfazendo como roupa velha,
lares desfeito sem nenhum
constrangimento, filhos sendo criados como robôs disciplinados! Cada um em seu
canto, pois a conversa não interessa, os vídeos nos celulares são mais
atrativos!
A tecnologia
diminuiu a distância, mas afastou o ser humano, hoje eu vejo o quanto esta geração se encontra tão
solitária!
Os
consultórios lotados, de doenças imaginárias! Nada afeta mais o ser humano, do
que a falta de atenção, do seu próprio irmão!
Saudades do
meu tempo de criança, onde fazíamos estripulias e nossa mãe às escondia, mas
éramos felizes, nos armazéns de nossos pais!
Inêz Lourenço
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