segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Armazém do meu pai


Crônica
No armazém do meu pai
No armazém do meu pai tinha de tudo: alparcatas, arroz, feijão, perfumes e embutidos. Tinha presentes para namorados: perfumes, alianças, cremes e bibelôs. Para as costureiras: linhas coloridas, fitas, rendas, sinhaninhas, bordados  e botões coloridos. Para as donas de casa: havia panelas e tigelas de todos os tamanhos, travessas e copos coloridos.
Lembro-me com saudades, são dos causos dos fregueses, era mula sem cabeça, saci Pererê, corpo seco que vivia nas matas fechadas. Dos causos de pescarias, eram os mais empolgantes, até procurar o anzol com a lamparina debaixo d’água, histórias para todos os gostos.
Dos canais de TV, até o canal zero era comentado, valha meu Deus! Esse canal nunca existiu! Dos filhos que referiam, todos eram bem sucedidos, tinha Doutores em tudo, medicina, advocacia e engenharia; até o professor, era lembrado como doutor! Nesse momento me deu uma tristeza profunda! Professor!—Que saudades dessa época!
Foi então que me dei conta, do quanto  essa profissão, tinha valorização!
Voltei um pouco no tempo, recordar da minha escola, saudades dos meus mestres, que não pouparam esforços, para ensinar aos alunos, que  se transformaram nos doutores dessa fala.
Nesse armazém vendia de tudo, menos amizade, amor e paixão, pois isso não se compra ou vende, mas se ganha com o coração!
O mundo se transformou! Desses armazéns, nada sobrou! Hoje os supermercados, hipermercados, shopping center e magazines,  invadiram as cidades.
Na correria do dia a dia,  conversas  não existem mais, só sobraram os celulares, TVs a cabo, netflix e notebooks.
É triste ver as famílias se desfazendo como roupa velha,  lares  desfeito sem nenhum constrangimento, filhos sendo criados como robôs disciplinados! Cada um em seu canto, pois a conversa não interessa, os vídeos nos celulares são mais atrativos!
A tecnologia diminuiu a distância, mas afastou o ser humano, hoje  eu vejo o quanto esta geração se encontra tão solitária!
Os consultórios lotados, de doenças imaginárias! Nada afeta mais o ser humano, do que a falta de atenção, do seu próprio irmão!
Saudades do meu tempo de criança, onde fazíamos estripulias e nossa mãe às escondia, mas éramos felizes, nos armazéns de nossos pais!
Inêz Lourenço

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